Absoluta Urgência do Agora

ROMANCE, 2016, 1ª EDIÇÃO

O protagonista de “Absoluta Urgência do Agora” não tem nome, mas tem muito a dizer. Numa inusitada discussão de relação com seu ex, a quem chama sempre de B*****, destila verdades incômodas, confessa fraquezas, abre-se mais que o recomendável. E tudo isso enquanto perguntas se acumulam como sentimentos.

Onde eles estão? Em quais circunstâncias? Por que B***** nunca responde? Quem é o verdadeiro vilão dessa história? Quais serão as consequências dessa DR unilateral?

Essas e outras questões vão se respondendo enquanto o protagonista passa a limpo toda a longa relação que teve com B***** — às vezes com lirismo, às vezes com ironia, mas sempre com muita entrega.

A cada pista deixada, a cada pequena revelação, o relacionamento dos dois vai se construindo na memória e se desconstruindo no presente. Uma verdadeira montanha-russa que conduz o leitor a um final inesperado e revelador.

“Absoluta Urgência do Agora” é o terceiro livro de Patrício Júnior, publicado pela Editora Jovens Escribas em 2016.

Trecho de “Absoluta Urgência do Agora”

Estou vivendo tua ausência nas paredes descamadas. Na pele descascada. No riso sem lastro. Sinto falta das escamas que eram teus abraços, da casca que teus braços construíam para mim. Ninguém me cozinha, compro temperos completos. Tomo leite, mato insetos, assisto o tempo não passar.

Estou aprendendo tua ausência nas roupas que atiro a esmo, no silêncio, no espelho, no destempero de comer sozinho. Meu olhar se debate em coisas que noto e jamais notei, descobridor dos sete mares do lar onde me afoguei. Não sabia que as plantas definhavam sem tua água, não sabia que era magra a ceia sem você. Ouço o eco de perguntas que você sempre me fazia: como ligo a tevê a cabo? E eu desabo. E eu sorria.

Enrosco-me em dois lençóis. Desde então não fiz a cama.

Estou digerindo tua ausência dirigindo para casa. Busco ruas engarrafadas para retardar o nada. Subo escadas, aqueço água, esqueço a fala, desuso a pia. Geladeira vazia. Comida azia. Noites tardias vendo tevê. O leite é feito de soja, o chá já não me alivia. Saio e busco em prosa o que em você é poesia.

Onde está a nossa casa agora se onde eu moro mora apenas um?

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