Sabe uma coisa que não falam muito a respeito de fazer filmes? Dá um trabalho desgraçado. E eu não tô falando nem de escrever roteiro, nem de filmar e nem de editar. Tô falando de todas as milhares de coisas que a gente tem que fazer ENTRE essas etapas cabais do processo. Roteiro, filmagem e edição são apenas as partes glamourosas.
Nos últimos meses, me debrucei em todas essas coisas que a gente tem que fazer antes de efetivamente fazer o filme. Depois do roteiro, tem roteiro técnico, shotlist, moodboard, storyboard… ai ai, canso só de lembrar.
Também tem que fechar orçamento, contratar profissionais, escolher os atores, pensar no figurino, maquiagem, direção de arte, textura da imagem, fotografia, ritmo, desenho de som, locação, catering. Peraí, eu tenho que decidir até o que vão servir no bufê?! “Se não for você, quem vai decidir?”, foi o que a produtora executiva do filme me disse numa de nossas infindáveis reuniões.
Ela se chama Rosinha Assis e abraçou o projeto desde o primeiro momento. Não tinha lido nem o roteiro ainda, foi só com o enredo mesmo. Ela se engajou de um jeito tão bonito que a aprovação no edital do MinC saiu no dia do aniversário dela! Não consigo pensar nesse projeto sem o olhar de onça que ela me dá quando peço coisas absurdas como “um drone passeando dentro de um apartamento de 60m2 em plano contínuo”. Ela riu e disse que não cabia no orçamento. Esse é o papel dela.
Juntou-se ao projeto também o diretor de fotografia Marlom Meirelles. Gosto quando ele me faz perguntas como “você pensou em filmar isso com que lente?” e eu finjo que tenho a resposta na ponta da língua, mas tô buscando no Google nomes aleatórios de lentes. Ele é sempre generoso comigo, e isso faz as coisas funcionarem entre nós.
Tem também Anny Fernandes, que se junta como diretora de produção. A gente se conhece desde a época que eu era redator publicitário em Recife e pedia coisas absurdas para os filmes sem verba que ela tinha que produzir. Hoje ela ri para mim quando eu digo que não temos verba para o que a produção está pedindo. O mundo dá voltas.
Para me salvar de tantas demandas, Juliana Lima se juntou à equipe para fazer assistência de direção. Eu acho chique ter uma assistente, mas não pense que é algo como “O Diabo Veste Prada”. Bem longe disso. Juliana é uma diretora de mão cheia que se engajou em “Reversível” pela potência que ela enxerga na história. É uma honra tê-la ao meu lado. Temos dividido tarefas, dores de cabeça e fofocas enquanto lutamos para escrever roteiro técnico, cronograma de filmagem, ordem do dia e outras coisas de adulto.
Mais e mais gente vai se juntando ao projeto, mas vou guardar esses nomes para um outro post. Por exemplo, já temos protagonistas. Me senti Coppola quando liguei para os atores para fazer o convite. Conto mais depois.
A verdade é que ser um diretor estreante e independente é compreender que não se faz nada sozinho. Sem essas pessoas que estão ao meu redor, trabalhando duro e acreditando num sonho que antes só eu sonhava, nada se realiza. Elas são tão essenciais para o projeto quanto eu. Saber disso faz a gente baixar a bola e deixar de se sentir perigosamente importante. É arte o que estamos fazendo. Tem mais a ver com o outro do que com o ego.
Hoje à noite teremos nossa primeira reunião geral. A expectativa é começar a pré-produção. Depois de tudo que tive que fazer ANTES de fazer o filme, agora tem mais coisas para fazer. Não sei quem disse que o trabalho do artista nunca termina. Mas essa pessoa estava certa.
Adorei sua escrita e como você conta sua história, só de ler eu já cansei de tanto trabalho. A partir de agora vou acompanhar o seu diário.
Escrevo de Natal/RN.
Ah, obrigado! Beijo pra Natal ❤️
Ansioso pela película!
Vai ser lindoooo
Admiro você desde sempre e cada vez mais eu me orgulho de ver como esse escritor está crescendo e ganhando o mundo, esse trabalho todo só me faz ter mais vontade de assistir esse filme, parabéns para você e toda a sua equipe, estou aqui em Portugal ansiosa para o lançamento do filme.
Owwwwnnnn, que lindezaaaaa
Com urticárias para ver a obra concluída… pq nós, os espectadores/fãs, precisamos tb fazer nossa parte.
Ahhhh, brigado!
Que estilo gostoso e elegante, rapaz. Fiquei aqui me perguntando quem seria esse literato. Descobri somente nos comentários.
Parabéns! Sucesso!
Ah, rapaz, agradeço demais o elogio. Volte sempre 😊